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Encruzilhada (2022)

by Alex Sant'Anna

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1.
Vidas que se cruzam Caminhos que se abrem Ferida que se fecham Caminhos que se abrem Vidas que se vão Caminhos que se abrem Velas que se acendem Caminhos que se abrem Palavra língua de fogo temperado com dendê Chuta que é macumba, pra vê a tunda que tu vai ter Segunda, segundo, a gira do mundo, encruza Exu não é demônio, frase escrita na blusa O mensageiro que chega primeiro em qualquer demanda Quem traz o z de Zumbi, no candomblé, na umbanda A força que encobre as quebradas é mais que cobre e cifrão Peça ao dono do caminho um tantim de proteção Recolha as folhas na encolha colha a sagrada esperança Sopro na venta que atenta outro movimento na dança Exu anda na ciranda circular de griot Palavra benzimento no toque do tambor Em volta da fogueira o ancestral cita Cassiano Que arma mesmo é a lua e eu durante o ano E os regidos pelos comandos invisíveis do coração, saberão Que a vida é infinda, mas o ódio não! Exú andarilho | Exú anda aí Se a noite é de Exú | Noturno é teu Orí
2.
CABÔ TRISTEZA feat. Ubiratan Marques (Maycol Mundoca, Alê Dornelos e Alex Sant’Anna) Pra te levar no arrasto da marujada Pra esse banzo combater Benzê, meu amor benzê Leva folha, leva guia, leva alfaia E sua saia pra sambar Sambar, meu amor sambar Saia de casa com seu cordão miçanga Caso o santo descer Descer, meu amor descer Que nosso amor troveja Estrondo, raio na mão Amô chama xangô Kabecilê Xangô meu pai 2x Cabô tristeza xangô meu pai Pra te levar na casa dos encantados Na loca, mato, encarnado Pra vê a relva crescer, Crescer, meu amor, crescer Leva babosa, e casca de aroeira, Rosário de benzedeira Caso o santo descer Descer, meu amor descer Fechar meu corpo e preparar pro combate caso eu morra, Caso eu mate Nyame vai me proteger Tanger meu amor Tanger Que nosso amor troveja É corisco e lampião, É facho de lamparina Chama, braseiro e tição Kabecilê Xangô meu pai Kabecilê Xangô meu pai Cabô tristeza xangô meu pai Oh Yayá, Vou fechar meu corpo Yayá
3.
O festejo do respiro / O retorno sem demora Fim de linha pro juízo / Quando a vida comemora O riacho no meio do vale E o ir e vir que navega Meu encontro com o destino Alegria da entrega Eu vou, Eu vou de canoa Minha mãe me ensinou a remar E se a correnteza me vira Eu vou, Eu também sei nadar Debaixo da pupunheira Meus olhos arregalei Vi passar a derradeira Folia rainha e rei A corte dos encantados Tristeza e ferro enverga Tritura dor e concreto Na alegria que congrega
4.
Mergulhei no mar me banhei na cachoeira fui da lama à ribanceira pra poder me encontrar falei com Marabô, Tranca Rua, Exu Caveira Pomba gira, Feiticeira é quem me ensina a caminhar a vida não espera você ficar pronta a gente segue pra onde o peito aponta onde mora a nossa paz Levanta, anda sem nem pensar no tropeço se é pra seguir chorando eu esqueço O mesmo erro nunca mais
5.
Oi relampeou Foi de madrugada Oi, deu tanto medo Oi clareou tudo Oi gritei por mãe Oi É fim de mundo E choveu de repente, viu E as preces dessa gente Finalmente tiveram vez Foi tanta promessa pra pagar Foi tanta festa E a esperança se refez Se refez
6.
O que disfarça esse ódio? O que esse ódio disfarça? Desfaça-se do ódio. Desfaça-se do ódio. Olhe no olho que olha pra você E deixe que veja os seus sonhos. Olhe no olho que olha pra você E deixe que siga os seus sonhos. São tempos de naufrágio do amor Tempos sombrios de Anti-carnaval Onde se revela a face dura do horror e o ódio enfim se mostra real Não pense que amor me faz mais fraco Em hipótese alguma eu ofereço a outra face Mas, O que disfarça esse ódio? O que esse ódio disfarça? Desfaça-se do ódio. Desfaça-se!
7.
Com as cria, na guia, Seguia a pé Pega visão do mundo girando! Demência, frequência, se esquiva Zé Tu capa o gato dessa cocó! Sacuda, se saia, arrêia até O corpo começar a escumar! E toda vez que a Fé fáia Corre, Zé, de volta pro espelho Se olha até poder se encontrar E pára pra ouvir o próprio conselho. Vadeia, arrudeia, avia Zé As turma tudo virando monstro A lupa da rua num enxerga ocê, mas, Até o presidente É micróbio! Catarse, de praxe, Que fase, né? Os janja quer tomar guaraná. E toda vez que a Fé fáia Corre, Zé, de volta pro espelho Se olha até poder se encontrar E pára pra ouvir o próprio conselho. Pinota agora, de banda, é! Que a chapa tá querendo voar Se liga, o samboque da capa da unha... Tu cuida pr’ela não capotar, Zé...”
8.
Nunca fui bom de briga aprendi cedo a nadar mesmo sendo bom de nado quase me afoguei no mar Nunca fui de muita ginga sempre gostei de batucar Eu que já troquei as pernas nunca aprendi a sambar nunca aprendi a sambar Fiz um nó e depois bordei A rosa nos meus olhos sanguinolento Lágrimas secas vertigens lamentos “Meia lua” no céu acordei, amarrei a corda na cintura Dei “Martelo” no mei da loucura Pra aprender a sambar iáiá Pra aprender a sambar iáiá Feito um pássaro que olha pra trás
9.
Lançando meus pés no espaço Vou costurando caminhos Sigo procurando afago Sigo procurando ninho Até eu ver razão Agora bordando abraços Canto Reciclando versos Sigo procurando laço Sigo procurando afeto Até perder a razão Água do mar pra lavar Água de céu pra levar para bem longe O que for tristeza Água do mar pra lavar Água de céu pra levar para bem longe O que for tristeza
10.
Quanto mais marés e céus menos eu vejo demônios Quanto mais música e fé Menos caminhos tristonhos Uma terra Muita história Poucas tropas pra Lutar Na longeva mãe dos Homens Pouco tempo sobrará E pra lavar? Água do mar Deixe que leve todo pesar Quanto mais penso no céu Menos a conexão Quanto mais encruzilhadas Menos perco a direção
11.
Juriti, jacupemba, irerê, Jaçanã Corucão, curicaca, corruíra, curió E se a noite se achegar feito caburé Nas garras do jacurutú todo seu piá Acauã, carijó, cauré, carcará Urutau, noitibó, curiango, bacurau
12.
Ninguém liga pra números tanto faz se cinco, sete ou nove mil, tanto faz ninguém mais se comove, tanto faz Tanto faz, tanto faz Ninguém liga pra corpos, tanto faz Passamos dos 500.000, tanto faz E se não tiver nomes, tanto faz Tanto faz, tanto faz,tanto faz, tanto faz Ninguém liga pra números Ninguém liga pra números, tanto faz Acima dos 80, tanto faz na faixa dos 70, tanto faz E com excesso de peso, tanto faz Tanto faz, tanto faz Tanto faz, tanto faz Ninguém liga pra números E no Avião que não é de Alumina Então me diz quanto de cocaína Quantos quilos de cocaína tinha no avião do presidente? Ninguém liga pra números. Tanto faz, tanto fez, era uma vez Tão tratando com desleixo quem descende de reis e rainhas Ladainha, mãinha, chegança Do rosário, do hinário fiel da esperança Vamos cobrar cada vida ceifada na sina Quem enfia no povo o claro, a clora e a quina Ninguém liga pra números, mas enumero Na esfera da morte espero um corte a zero Que o apito e a rabeca, ao Leo e a Jaque Bote parelho a pareia no aparelho potente do baque O sonho ilumina, alumina cada elamano Nenhum nome esquecido. Vamos! Samba de coco é fé que desagua O ancestral é tambor, é Caixa D´ Água Machado de Xangô, justiça é vacina Não escute o desgoverno! A rua ensina! Exu passa na frente enfrenta quem caminha Na passeata pra ditador com sinal de arminha A cova funda de cada dia não comove Quem é love love, com motosserra e revólver Mas enquanto houver rima haverá o confronto O rap dos ancestrais já nasceu pronto

about

Essa não é a Carta que você merece​
Casa de Tabua – 22 de Janeiro de 2022

​O termômetro marcava 38,4 graus de uma febre que não me abandonava quando recebi o aviso: Encruzilhada estava disponível para o mundo, nesses tempos de adoecimentos globais a arte como sempre vem cumprindo seu papel de antídoto e nesse sentido quero chamar a atenção para o trabalho dos artistas sergipanos principalmente no que toca a autenticidade. Fui ouvindo o álbum de Alex Sant’Anna em doses homeopáticas durante todo dia, já conhecia a maioria das letras, algumas melodias e o conceito central de um álbum que começou a ser gestado ainda em 2020. Mas ouvir e sentir o trabalho feito é outra história. Por falar em história é a partir dela que eu queria falar um pouquinho acerca desse trabalho. Em matéria de Alex Sant’anna eu não sou nenhum especialista, sou recente, cheguei esses dias no seu universo, isso se eu levar em consideração que o conheço desde 2019 e que ele já fazia música em 1997 e apesar das audições e das conversas eu ainda não consegui mapear toda sua obra.
Mas com base no pouco que conheço riscar alguns pontos sobre seu último trabalho. Para além das questões técnicas, dos arranjos, harmonizações e tudo mais que eu não domino no fazer musical, acho que Encruzilhada é sobretudo um álbum de quem aprendeu a ouvir na mesma dimensão que aprendeu a sambar. há nesse trabalho a marca profunda de um corpo em construção. Um corpo em aberto um corpo que não se fez fim, não se fez findado resolveu se fazer caminho, se fazer meio, no eterno movimento do recomeço. Encruzilhada é uma picada aberta numa direção diferente de Baião Amargo. É um trabalho que contempla as invenções Afro-Brasileiras, as tradições e os ensinamentos de quem aprendeu a tirar a doçura do amargor.
​ Um outro ponto desse disco é o seu caráter pedagógico e de pesquisa. No que tange pedagogia diaspórica Alex ouviu mestres e mestras, ensinou, aprendeu e realizou aquilo que Stuart Hall chama de Desconstrução da escrita reforçando a tese de que nós povo da Diáspora nos edificamos na fala, na música e na linguagem múltipla construímos a estrutura da nossa “vida cultural”. Encruzilhada é um almanaque de benzimentas, trabalhos, encantarias e milongas. Antidoto aplicável aos mais diferentes espaços inclusive nas escolas. Nesse trabalho Alex realizou uma verdadeira imersão no universo encantado e afro-diaspórico sem se prender em nenhum momento em uma negritude rasa, aliás desde as nossas primeiras conversas essa sempre foi uma das suas preocupações estéticas já que conseguir escapar da prisão dos estereótipos é próprio daqueles que carregam a malandragem e a ginga.
​Sua imersão é profunda, cuidadosa e guiada pela entidade que guarda, alimenta e cuida de todos os caminhos. E por falar em caminhos, foram tantos os percorridos nesse disco: Sergipe, Minas, São Paulo, Pará Pernambuco e Bahia. Foram tantas as vozes pelo qual Exu falou: Quésia Sonza, Alessandro Dornelos, Ubiratam Marques, Mayra Felix, Raya Mayara, Taia, Zé Manoel, Diane Veloso, Rafael Ramos, Jr Black, Rodrigo Maranhão, Julico e Jaque Barroso.
​Como historiador eu sou impedido de fazer previsões futuras, não sei ao certo se foi o Marc Block ou a Mãe Diná quem criou essa premissa, mas como sempre fugi dos padrões e da ortodoxia arrisco fazer uma breve previsão, acredito que encruzilhada no futuro será objeto de muitos estudos porque fala do nosso povo, porque fala das nossas curas, porque fala das nossas (das outras) filosofias e sobretudo porque sintetiza com maestria esse nosso tempo presente onde o mundo teve vários fins pelas mãos dos homens e tantos outros recomeços pelas mãos das artes.

Maycol Mundoca

credits

released January 21, 2022

ENCRUZILHADA
Produzido por Leo Airplane e Alex Sant’Anna
Produção Executiva: Nah Donato e Alex Sant'Anna
Gravado no Maca Records por Leo Airplane entre março e julho de 2021 em Aracaju-SE.
Exceto:
Voz de Mayra Felix gravada no DR5 Estúdio por Leo Airplane
Voz e Piano rhodes de Zé Manoel gravados no Béco Estúdio, recife-PE, por Albérico Júnior
Voz de Jr Black gravada no Gruna Áudio, Recife-PE, por Guga Fonseca
Voz de Rodrigo Maranhão gravado no estúdio Geladeira, por Rodrigo Maranhão
Voz de Alessandro Dornelos gravada no estúdio Malandrinhação Hip Hop Inc., Uberaba-MG, por Lheo Zotto
Voz e guitarra de Julico gravadas no Peixú Estudio, Aracaju-SE, por Julico

Mixado por Dudu Prudente
Masterizado por Leo Airplane

Conceito e arte: Carol Patriarca e Larissa Vieira
Composição Gráfica: Carol Patriarca

Arte dos Cartazes: Júlia Bezerra Cruz

Todas as músicas gravadas e arranjadas por:
Abraão Gonzaga: Guitarra
Alex Sant'Anna: Voz
Betinho Caixa D'Água: Percussão
Danyel Nanume: Bateria
Leo Airplane: Teclado, piano, sinth, samples e loops
Rafael Ramos: Baixo

Exceto:
Cabô Tristeza: Arranjo e Teclado de Ubiratan Marques
Ponta do Mutá: Guitarra de Julico
Sacuda: Guitarra de Rafael Costello e Baixo de Luno Torres
Fim de mundo: Piano rhodes de Zé Manoel

Participações especiais:
Alessandro Dornelos: Voz em Tanto Faz
André Lima: Trompete em Aprendendo a sambar
Diane Veloso: Voz em Anti Carnaval e Backing Vocal Cabô Tristeza e Ponta do Mutá
Gledson Souza – Violino em Tanto Faz e Andarilho
Jaque Barroso e Alessandro Dornelos: Voz em Tanto faz
Jr. Black: Voz em Sacuda
Julico: Voz e guitarra em Ponta do Mutá
Luno Torres: Baixo em Sacuda
Mário Augusto: Sax em Aprendendo a sambar
Mayra Felix: Voz em A Comunhão das águas e coro em Cabô Tristeza e Ponta do Mutá
Quésia Sonza: Voz em Andarilho
Rafael Costello: Guitarra em Sacuda
Rafael Ramos: Voz em Anti Carnaval
Rayra Mayara: Backing Vocal e Cavaquinho em Encontro das Águas e cavaquinho em Aprendendo a Sambar
Rodrigo Maranhão: Voz em Enquanto houver razão
Taia: Voz em Onde mora a nossa paz
Ubiratan Marques: Arranjo e teclados em Cabô Tristeza
Zé Manoel: Voz e Piano rhodes em Fim de mundo
Assessoria de Imprensa: Erick Tedesco



Contatos:
www.alexsantanna.com.br
+55 79 9 9978-7735

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Alex Sant'Anna Aracaju, Brazil

Either solo or leading naurÊa band, Alex Sant'Anna produced 6 CDs, 4 EPs and 1 DVD, performed tours in Brazil, Germany, England and Switzerland. He created the label Disco de Barro and composed movie and theater soundtracks. As an inspired artist and composer, Alex is truly a multi-talented person. ... more

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