Passo 1.
O Grupo Galpão, uma das companhias mais importantes do cenário teatral brasileiro, com o intuito de criar por meio do teatro, novas narrativas desses tempos de pandemia, lançou a campanha HISTÓRIAS DE CONFINAMENTO, onde pedia que as pessoas contassem suas histórias da quarentena. O relato poderia ser real, imaginário, cômico, dramático, trágico, absurdo, lírico, prosaico, pessoal ou sob qualquer ponto de vista, e foi neste momento que Diane escreveu o texto claustrofóbico 1.2.3, poesia numérica carregada de ansiedades e medos, resultante da rotina desgastante e aprisionadora dos dias de isolamento social.

Passo 2.
Alex Sant’Anna, músico e companheiro de Diane, ao se deparar com essa poesia que almejava por acordes, correu pro violão num lamento e a canção nasceu azul. Foi uma tarefa difícil musicar uma poesia que continha mais números do que palavras, mas essas palavras e números foram feitas pra melodia que Alex nem sabia que tinha.

Passo 3.
Quando a canção nasceu Diane Veloso e Alex Sant’Anna não conseguiram guardar segredo, já foram correndo pra LIVE mais próxima e apresentaram ao público, o teste em humanos foi satisfatório, mas a canção pedia um pouco mais de carinho e neste momento que entra Leo Airplane, que mesmo distante pode trazer todos elementos musicais necessários para que a música pudesse enfim refletir toda a ansiedade, claustrofobia e rotina contida na letra. A canção cresceu, ganhou corpo, e ansiava por conhecer o mundo ou ser conhecida por ele, mas, fugindo das estratégias de marketing musical onde todas as canções são lançadas nas sextas, 1.2.3 escolheu chegar sozinha, isolada, ansiosa, numa quarta-feira, 11.11.2020.

Passo 4.
Com que roupa eu vou? Esta foi a pergunta que pediu uma resposta rápida e imediatamente foi respondida, Rafaella Simbol e Manoela Veloso Passos, essas duas mulheres chegaram pra complementar 1.2.3, que deveria virar 1.2.3.4. Rafa chegou com sua sensibilidade pra fazer a arte, também à distância, fez as fotos e desenvolveu a capa que estampa nos serviços de streaming. Manoela Veloso Passos trouxe seu olhar certeiro para o vídeo clipe que dirigiu junto com Diane e assim como Leo fez com os beats e notas musicais, Manu traduziu a poesia em audiovisual através das imagens captadas em baixa resolução num apartamento de 74 m².